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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

“NÓS ESTAMOS DENTRO DO MUNDO TANTO QUANTO O MUNDO ESTÁ DENTRO DE NÓS..”.

Acho que o que vou opinar abaixo é o que realmente acontece com as pessoas que se relacionam… Se discordar, deixe o seu comentário...

Quando nos relacionamos com alguém, de fato pouco estabelecemos contato lá fora, mas sim, com a pessoa que surge em nosso mundo, em nosso espaço sensorial. Para testar essa idéia, passe uma semana se relacionando com a imagem de alguém em sua mente, apenas em pensamento, (listando as qualidades positivas que ela tenha, por exemplo).
Depois, encontre-a e veja como a relação mudou, como a pessoa surgirá de outra forma para você.
Se listar as qualidades negativas, criará e se relacionará com uma outra pessoa, uma pessoa pra você como “desagradável” e vai vê-la agir como tal!
Se listar as positivas, ela lhe parecerá muito mais simpática…Vai até gostar dela! Vê ? O outro nos constrói e é por nós construído. Se assim não fosse, nunca teríamos registros dos famosos casos de velhos amigos que de um dia para outro se apaixonam e começam a viver uma vida maravilhosa. Então deduzimos comprovadamente que as pessoas com as quais convivemos são boas ou más para nós pelo fruto de nossa imaginação, isto é, pela imagem que dela construímos!

A outra pessoa que nos deixa reflexão por pensarmos nela de várias formas está mesmo dentro de nós e por isso conseguimos sentir o que ela sente, ver o que ela vê, ouvi-la sem que ela fale, sentir até o seu cheiro… É parte de um processo de continuidade quando já se viveu junto com essa pessoa, e os bons e maus momentos não são esquecidos dos nossos registros…

Porém, é preciso entender algo que estudei por curiosidade algum tempo, como a origem das alegrias é sempre a mesma das complicações, temos aqui um grande problema! O nosso mundo precisa “criar” espaço para o outro, e a forma de se fazer isso é alimentar a sua mente com bons pensamentos sobre a outra pessoa, senão a relação se torna difícil de voltar a conviver, ainda que esteja bem à nossa frente diariamente com ótimas atitudes para você e seus filhos.

Ela vem com suas visões, ações, maneiras de agir, histórias, emoções, palavras, sons. Quanto disso tudo cabe em nossa percepção? Quando ela nasce para nós, ela está inteira ou está com apenas 10% de si? Sem querer, mutilamos muita gente. Podamos as pessoas sumariamente. Não oferecemos vastos espaços emocionais e cognitivos para que outros possam se apresentar e se alojar em “nosso mundo”. Nosso ambiente é estreito demais para validar fenômenos de outros mundos… Às vezes somos até egoístas não querendo compartilhar parte desse ambiente que agora estamos vivendo sozinhos…

Enquanto muitas pessoas deixam 90% de si em casa porque sabem que não serão aceitas se saírem completas aos encontros, existe também o processo inverso: o outro vê 1000% e mais um pouco!

Qualquer pessoa apaixonada conhece bem a sensação de expansão de mundo que ocorre apenas pela presença do parceiro. O outro se aproxima e eu começo a ver o que antes não via. Isso ocorre porque nós não andamos todos em um só mundo. Nós andamos em mundos.

Quando conhecemos alguém, somos iniciados em um universo completo de árvores, carros, ruas, pensamentos, janelas, barulhos, corpos, fisionomias …sentimentos. O outro não vem só trazendo dois olhos, uma boca, duas pernas e algumas idéias novas. Não, o outro vem, trazendo também o seu universo inteiro para você conviver e aceitar, coloca dentro de você e então, magicamente, você começa a ver novas coisas lá fora. Ela coloca uma lua que não tinha e aquela lá longe no céu começa a parecer diferente. O universo dela também inclui uma nova pessoa igualzinha a você. É com essa pessoa que ela vai se relacionar quando se dirigir ao seu corpo, quando for com você fazer amor ou simples carinho…. Ela vai acolher você, com um sorriso, 100% de tudo o que você é e já foi. Todos os erros, acertos, problemas e virtudes. E ainda vai deixar um longo espaço para você ser mais, existir mais, para você crescer e desenvolver um relacionamento. Será um abraço no seu passado e uma condução para seu futuro. É assim que ela vai construir VOCÊ!

De repente, você fará algo que nunca se imaginou fazendo, sentirá sutilezas nunca acessadas, ficará imerso em um frescor que lhe deixará renascido. De fato, você terá nascido de novo!Surge o Amor!

No momento em que nascemos para alguém e renascemos para nós mesmos, um processo delicioso e cruel se inicia. Começamos a compartilhar mundos e construir sensações, objetos, identidades ali dentro. Vemos filmes de nossas vidas, construímos histórias, recontamos nossa vida inteira (para que ela possa ganhar outras cores aos olhos do outro),estamos compartilhando… Colecionamos orgasmos e compramos juntos um monte de coisas de interesse comum… Às vezes até o que não precisamos! Sentimos que aquele novo personagem é, enfim, nosso verdadeiro eu! Nossa outra metade! Tudo dentro do nosso mundo compartilhado. Angelical, inesquecível, apaixonante… Até a crueldade aparecer…

Basta um “Cansei!” Sem motivo forte ou aparente, se diz: “ Não quero mais ficar com você”. O outro nos abandona e se vai. Mas ele não leva apenas seu corpo para fora do nosso mundo. Ele leva filmes de nossa vida, orgasmos e CDs construídos de momentos… Ele leva nossa história de vida recontada e o universo inteiro no qual nós estávamos morando! Mais ainda: ele nos leva embora de nós mesmos, destroçando nosso “verdadeiro eu próprio” que demoramos tanto para encontrar… Ele nos mata e retira cada objeto do nosso universo. Depois de nos esvaziar completamente, não precisa de ninguém para apagar a luz. Não sobra nada.

Nós andamos no mundo que está dentro de nós, não é mesmo? Nada dentro, nada fora. Quando amamos a pessoa que convivíamos, em dias de depressão pós-divórcio, parece que até mesmo a luz do Sol foi tirada de nós…
Um dos dias mais sombrios de nossa vida quando se gosta…

Mundos e identidades interpenetradas. Somos profundos ou superficiais na medida em que nos comportamos dentro desse processo de nascimentos e mortes.

Em outras ocasiões eu diria, “tudo é superável” mas quando se vive o momento próprio, o abismo interior masculino parece ser de profundidade maior que o feminino pois acho que a entrega feminina é menor no relacionamento. Essa entrega não é apenas das mulheres como muitos pensam,..

Embora por teoria machista muitos homens não queiram admitir, os sofrimentos e sentimentos que passamos nesses momentos são como o espaço do universo sideral invadindo o nosso mundo interno, tem as mesmas dimensões da realidade que surge aos nossos olhos.

E aí fica o grande “BURACO NEGRO” sem solução para duas vidas que um dia se amaram intensamente… E que hoje, o mundo – ou uma mulher – nos entrega exatamente aquilo que podemos abraçar… A SOLIDÃO!

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